Estamos em véspera de mais um dia de finados, dia da
comemoração de todos fiéis defuntos,
dia em que a Igreja coloca como aquele em que recordamos e fazemos memória de todos aqueles que que nos antecederam na
vida.
O dia de finados dirige quase que obrigatoriamente a nossa
mente para todos aqueles que de uma ou de outra forma fizeram ou marcaram parte
das nossas vidas. Este dia faz como a própria designação o diz, memória de
todos aqueles que já partiram deste mundo terreno, todos sem excepções… Na morte
todos somos iguais, a ela todos somos invencíveis, nela todos tomamos parte
deixando para trás as diferenças “ocasionais” que marcaram a vida.
Pela morte conhecemos o imenso vazio que com tanta
facilidade tornamos as nossas vidas…
Na morte conhecemos e aprendemos o valor inestimável da
vida! A morte ensina-nos tanto da vida! Tanto, que uma vida mesmo que longa tem
dificuldade em nos educar…
Por vezes somente em momentos provocados pela dor da partida
de alguém, nos consciencializamos da verdadeira essência que é de verdade a
vida. Somente aí, olhando para o vazio que vidas por vezes tão grandes e tão
cheias nos deixam após a morte, percebemos por fim que todas as lutas, as
dificuldades com que nos deparamos, as guerras que travamos, os entrechos com
que tomamos as nossas vidas não detêm nada absolutamente nada de
verdadeiramente essencial!
A morte pressupõe por si só o final de uma etapa, o final do
ciclo que é a vida, mas e se a morte tomasse lugar logo a nascença? Se aí todo
o ser humano já experiente da vida se tornasse professor de cada ser humano que
nasce, e a este lhe transmitisse a necessidade emergente que há em viver a vida
morto, morto para tudo aquilo que a morte nos ensina ser puramente desnecessário!
Quantas não são as vezes que já nos defrontamos com estas
questões? Quantas e não poucas foram já as vezes que vimos partir alguém
querido nas mais diversificadas situações, quantas e não poucas já as vezes que
de nós se arrancaram tristezas imensas que nunca pensaríamos serem possíveis de
se sedimentar no nosso coração? Quantas e não poucas dessas tristezas nos
levaram já a pensar e olhar o vazio com que levamos as nossas vidas, a pensar
em tanto e tanto daquilo que em desejo imenso de tornar a nossa vida melhor, perdemos
sem nos darmos conta o melhor que já por si só possuímos, o melhor que é a
vida!
E tempo! Sim ainda é tempo, de olhar a vida com outros
olhos, de fecharmos o nosso coração a indiferença de tantos e tantas que sofrem
ao nosso lado, as injustiças que deixamos acontecer a nossa volta, das lutas
que em vão alimentamos, as esperanças vãs e sem sentido que damos as nossas
vidas, a tanto e tanto que de verdade sabemos ser o desperdício daquilo que de
melhor possuímos, que é tão somente a nossa própria vida!
Telmo Ferreirinho Seco
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