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segunda-feira, fevereiro 06, 2017

Porque de fome morreremos um dia, porque de fome morrem velhos hoje!?

Porque de fome morreremos um dia, porque de fome morrem velhos hoje!?

Morreremos de fome, e disso ninguém se dará conta! Morreremos enfezados fruto dessa mesma fome, sem que ninguém se tenha apercebido, morreremos enfim tomados de uma fome que não imaginamos nem desejamos nunca conhecer.
A sociedade, a nossa sociedade, é cada vez mais um centro de velhos famintos, um refugio a céu aberto de homens e mulheres em fim de vida que morrem de fome! Uma fome nua, tão invisível e já tão constante e usual que não nos damos conta, e quando damos fechamos os olhos a essa mesma realidade!
As vítimas, são homens e mulheres em fim de vida. Homens e mulheres que para trás deixaram vidas carregadas de sonhos, sonhos que muitas vezes não se concretizaram, não porque antes desses o de outros se lhes antepunham, o de outros pelos quais muitas vezes deram muito mais que aquilo que possuíam.
São mães e pais, tios, avós, parentes e até simples velhos conhecidos, não importa mais quem são, importa apenas saber hoje, que são eles as personagens principais destas intangíveis histórias de gente que morre de fome! Gente que invariavelmente por este caminhar seremos nós num amanhã!
Quantos destes não conhecemos nós? Quantos destes não vivem bem ali ao nosso lado? Quantos destes não alimentamos também nós nessa sua fome? E a quantos nos dispomos nós a matar essa sua fome?
A fome é uma carência! Adianta-nos o dicionário que é uma carência de alimentos. Mas a fome que aqui falo não se trata dessa fome de alimentos, tratasse sim de uma fome de afectos!
Afetos! Aqueles que qualquer ser neste mundo pode nutrir e inevitavelmente sente necessidade de receber!
Cada vez mais a nossa sociedade envelhecida morre de fome! Fome de afectos!
Uma vez chegados a velhos, a vida fica-nos para trás, e com ela tudo quanto sonhamos, tudo quanto demos, tudo quanto esperamos um dia receber… E aí velhos, não passaremos disso mesmo! Não nesta sociedade, nesta sociedade onde cada vez mais o outro é visto como um mero objecto.
Não nesta sociedade onde cada vez mais se valoriza o eu, e se esquece o outro. Não nesta sociedade onde o outro é velho e por o ser somente tem já a morte a sua espera.

Não! Não pode, não pode esta nossa sociedade, não podemos nós permitir que os velhos de hoje morram de fome de afectos! Porque se o permitirmos hoje teremos que nos consciencializar que seremos nós os velhos de amanhã a morrer de fome!

Telmo Ferreirinho Seco



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